O dia que eu acordei com coração da Madre Teresa e o universo me mostrou que é preciso ser melhor.

Uma semana em viagem de trabalho, a vontade era mesmo voltar para casa, ou curtir um final de semana tranquilo, mas não, não poderia ser tudo isso.

Era uma sexta-feira e eu sairia de Denver para Budapest, para mais uma semana de reuniões longe de casa, mais uma semana com rotina comprometida e eu não tinha como evitar. Acordei, fiz meu treino de corrida – a única coisa que eu podia fazer enquanto estava em viagem – arrumei a mala, respondi alguns e-mails, atualizei alguns documentos, tomei um café americano 300ml, me arrumei e parti para essa jornada: Denver - Munique - Budapeste.

No caminho para o aeroporto, parei em uma loja de produtos para animais de estimação, queria comprar algum presentinho para a turma lá de casa. Quando estava lá, ajudei um casal, que tinha acabado de adotar um cãozinho, a alcançar uma caminha que estava na prateleira mais alta.

Pensei: Sou muito simpática!

Saindo de lá, direto para aeroporto com uma parada na locadora de veículos. Aquela loucura: estaciona o carro, verifica mil vezes se não esqueceu nada, se deixou a chave, sai caminhando com todas as malas até o local para pegar o transporte que leva até o aeroporto. Fui então abordada por uma mulher que estava perdida, então a ajudei a chegar até o escritório da locadora; me dirigi ao terminal no aeroporto.

Pensei: Sou muito legal!

Cheguei no terminal, fiz check-in, filas imensas na área de segurança. Enquanto seguia para a fila, passei por duas senhoras que estavam saindo do aeroporto, uma estava na cadeira de rodas e a outra, empurrava a cadeira com uma mão e puxava uma mala com a outra.... adivinha? Ofereci ajuda, acompanhei as senhoras até a entrada do estacionamento. Voltei para a fila.

Pensei: Sou uma pessoa do bem!

Fila vai e vem, num zig-zag infinito, quando em uma das voltas fui abordada por uma senhor, que estava atrasado para seu voo e perguntou se poderia entrar comigo na fila, eu me solidarizei e deixei. Ele me agradeceu mil vezes, trocamos algumas palavras, e pronto.

Pensei: Nossaaaa! Deus, estou merecendo uma recompensa!

Foi nessa hora que o universo, respondeu: é mesmo, você acha que merece?! Espera aí!

Tudo dentro da normalidade, fui para a sala da companhia aérea, tinha um bom tempo até o embarque. Estava tranquila esperando meu voo: Denver – Munique – Budapest; estava satisfeita com essa viagem até então, afinal chegaria em Budapeste ás 14hs do sábado e ainda conseguiria descansar um pouco e aproveitar o final de semana. Tinha planos: uma caminhada leve no Sábado e no Domingo um running tour, treinar e rodar pela cidade antes de iniciar a semana, parecia um ótimo plano.

De repente, mensagem: "Seu voo foi cancelado entre em contato com a companhia aérea".

Sem me preocupar, fui até a atendente, que confirmou: avião quebrado, sem outro para substituir, voo cancelado.

Então ela, um pouco confusa, ainda me ajudou a encontrar outra solução, que era bem ruim se comparado com o plano original, mas eu pensei: melhor do que viajar num avião quebrado.

Ao invés de apenas uma parada em Munique, eu faria duas paradas, Londres e Frankfurt para então seguir para Budapeste. Com essas alterações, chegaria em Budapeste ás 23hs e não ás 14hs. Já não teria mais o Sábado para me adaptar.

E nessa remarcação dos voos, disponibilidade de lugares restrita, tive assentos remarcados e um downgrade considerável, mas pensei: depois resolvo isso, o importante é ir.

Tudo certo, mas nada certo.

Longa jornada, duas paradas, muita espera, voo atrasado, enfim cheguei em Budapest. Antes mesmo de chegar na área de retirada de bagagem, recebi outra mensagem: "Senhora Flávia, lamentamos, mas a sua bagagem não chegou ao destino final, por favor entre em contato com um agente no aeroporto para auxílio".

Pensei: Poxa vida, isso é um teste?

Resumo: cheguei em Budapeste com 12 horas de atraso do plano original, em voos longos com muita espera, e sem bagagem.

Lição de hoje: Fazer o bem sem olhar a quem, e sem esperar nada em troca. O universo prega peças.

Agora só me resta aproveitar o quarto confortável, andar de chinelos fofinhos pelo hotel, sair para fazer compras e esperar até que a bagagem chegue.

Boa semana!